Maria Inez Siqueira

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

O CORPO QUE USAMOS.

   VIVEMOS UM INTERVALO, ENTRE O QUE FOI, E O QUE SERÁ.
O corpo físico incluindo a nossa mente, é uma ferramenta que nos possibilita uma chance para que nossa alma brinque de participar da construção do mundo.
Mundo que já vêm sendo construído há milhares de anos, e tem os dedos de outras milhões de pessoas, bem antes que nossa alma munida de um corpo aqui chegasse e por sua vez acrescentasse o "seu pitaco" como se diz em gíria.
Costumo comparar a nossa vida aqui nesse mundo, como a entrada a um cinema cujo filme já tenha começado e não sabemos o que aconteceu antes de chegarmos.
Igualmente não sabemos como vai acabar, pois sairemos do cinema antes de o filme terminar. Temos pois, que saber do passado através dos que nos contam, e dependendo de como nos contam, entenderemos o que está acontecendo, ou não. E assim munidos de nossas informações que tanto já foram modificadas segundo as visões dos que as contaram, tecemos nosso julgamento e passamos a agir.
Vivemos um intervalo entre o que foi e o que será, e nesse intervalo, de uma forma ou de outra, procuramos deixar nossa marca, construir coisas, mudar coisas, procuramos ser notados seja por uma imensidão de outras pessoas, ou simplesmente por uma única, isso não importa, fazemos coisas que ficarão, como a argamassa de uma pá do pedreiro fica no edifício, e nesse afã de deixar a nossa marca nos esquecemos que nada é nosso, e que tal como o nosso corpo físico, tudo está destinado a se deteriorar, acabar, desaparecer e renascer em outra forma, sempre em um patamar acima, tal é o caminho da evolução da construção, seja na tecnologia, nas ciências, nas arquiteturas, enfim acabamos por nos apegar as coisas materiais e como coisas materiais eu incluo o amor eros e o ágape.
Nosso tempo é curto, e o desperdiçamos, com competições, com afrontamentos, e de nada adianta os ditos iluminados escreverem isso, até porque essas verdades só nos tocam no momento em que as lemos, logo após retornamos a mergulhar na ilusão da vida eterna na Terra, e lá vamos nós querendo provar isso ou aquilo, lá vai nosso imenso ego discutir, querer se colocar, querer estar por cima, estar com a chamada razão.
Nem vou falar das inúmeras beleza que em cada cantinho desse planeta encontramos, nem vou falar da delícia que é respirar os ares de montanhas e praias, também não irei falar do quanto é maravilhoso ser livre, descalço e despido, nem vou falar disso, porque tudo isso todos sabemos, mas feito aqueles robôs programados seguimos ansiosos por nossas construções, por nossas brigas pessoais, nossas competições, e deixamos para ser feliz depois... Depois, não haverá mais tempo.
Pobre tolos que somos nós!
Se não nos enredasse as teias da ilusão, seríamos livres, e poderíamos usar nossos braços, pernas, olhos e ouvidos, para acalentar, para rir, para degustar e curar. Não competiríamos uns com os outros, pois não teríamos que provar nada, e sim, em vez de construir um mundo que já estava construído desde o início, nós o desfrutaríamos.
Não. Não é verdade que o progresso é necessário, não é verdade que temos que trabalhar duro para construir, para descobrir, para inventar, temos é que parar e olhar em volta com olhos de enxergar, ouvindo com ouvidos de ouvir, e nos libertar, aí sim seremos evoluídos em todos os sentidos. Pois as doenças deixarão de existir, a fome, o medo, a raiva, a ambição o apego.


Por enquanto podemos exercitar o bom uso dos dons que nosso corpo nos lega, podemos escolher abençoar em vez de maldizer, curar em vez de ferir, sorrir em vez de esnobar, acariciar em vez de espancar, nosso tempo é curto, e se estamos imbuídos da ilusão de que temos que construir alguma coisa, então que deixemos um rastro de boas escolhas, escolhas que beneficiem a todas as pessoas que nos cercam.

2 comentários:

  1. Acho q não estou no meu melhor momento para ler isso, dá uma sacudida na alma

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. A idéia é bem essa, nos lembrar que estamos perdendo uma chance que vai acabar rapidinho, porque a vida é curta demais, para tantas belezas que existem nesse planeta e que teimamos em não desfrutar.

      Excluir

Voce pode também escrever para o email
blogdasenhorabruma@yahoo.com.br